quarta-feira, 8 de abril de 2009

A morte existe?

'A morte existe?' Aula de Domingo – 05.04.2009

Olá meus queridos!

Como vai a semana de vocês?

Bem, no último domingo na mocidade o tema da nossa aula foi: ‘A morte existe?’, algo que na verdade ainda nos intriga muito, já que mesmo tendo ciência da imortalidade da nossa Alma, temos medo de morrer!

Por isso trago para vocês um texto que trabalhamos em sala, e outro muito interessante para nossa reflexão.

Uma importante lição para Ronaldo
Nasci numa família espírita. Cresci aprendendo e estudando todos os ensinos evangélicos à luz do Espiritismo. Mas a verdade é que, apesar de acreditar realmente na imortalidade da alma, na reencarnação, na presença dos amigos e inimigos espirituais, não me preocupava em seguir as orientações para o trabalho no bem e na caridade. Ia às aulas, freqüentava os cursos, participava no culto do Evangelho no Lar, sabia multas questões do Livro dos Espíritos de cor. Na adolescência, a preguiça e a desculpa de que tinha de estudar para as provas do colégio eram suficientes para que eu não precisasse pensar em pessoas sofrendo, em miséria, fome, doenças. Para mim, cada um tinha de se preocupar com sua própria vida e viver seus problemas sem incomodar os outros. Era fácil pensar assim, afinal, que problema eu tinha na adolescência?! A vida foi passando, e eu cada vez mais preocupado com minhas atividades materiais. A assistência social e o trabalho mediúnico estavam cada vez mais longe dos meus objetivos. Aos 28 anos, sofri um terrível acidente de carro. Morri. Sabia que tinha morrido, conhecia bem os “sintomas”, tecnicamente falando. Mas algo não estava acontecendo como eu imaginava. Meu corpo preso às ferragens do carro e, junto dele, eu. Sentia dores terríveis, não conseguia me desprender do corpo físico. Onde estavam os amigos espirituais? Não os via, mas tinha certeza de que estavam ali. Apesar das dores, de forte vontade de vomitar, decidi que tinha de deixar aquele corpo. Mentalizei fortemente o desenlace dos laços fluídicos que prendem o corpo ao perispírito e, como se levasse um puxão, caí a alguns metros de meu corpo físico. Estava satisfeito por utilizar os conhecimentos que recebi como espírita. Mesmo separado do corpo, não conseguia me mexer. Um silêncio imenso se fez em volta de mim, fui ficando tonto, perdendo as forças, como se cochilasse, mas sem conseguir dormir, um sono leve e atormentado. Comecei a me ver criança, meus pais cuidando de mim, o sentimento de amor e de carinho que emanavam deles me fez chorar de tristeza. Eu não queria rever aquelas cenas de meu passado, mas não conseguia impedi‐las de invadir a minha mente. Revi, uma a uma, as oportunidades de trabalho assistencial e mediúnico que tive e me recusei a fazer. Crianças famintas apareciam em minha mente, famílias inteiras me cobravam ajuda, espíritos perturbados me olhavam com fome de esclarecimento e consolo; amigos me fitavam com olhos sofridos; pessoas que nunca vi me diziam, como num coro insistente e macabro, ‐ “Nenhuma prece! Nenhuma prece por nós!”. Foram muitas horas de angústia. A tortura mental que me infligiam ou que eu mesmo me infligia doía insuportavelmente. Em minha mente eu me contorcia, gritava dentro de mim que não queria mais, que me deixassem em paz. As imagens foram se tornando mais vivas e dolorosas. Percebi, naquele momento, o quanto tinha deixado de fazer, como havia desperdiçado a oportunidade da reencarnação. O que me adiantava agora saber tantas coisas e não ter enxugado as lágrimas de ninguém, de não ter saciado a fome que eu sempre soube existir, de não ter sequer dado um abraço de consolo a um amigo? Foi como se uma nuvem negra tivesse saído de minha mente, vi e revi centenas de vezes as oportunidades que tive e me mantive de braços cruzados. Que sensação horrível! Quanto tempo desperdiçado! Quantos irmãos continuavam sofrendo porque me mantive inerte! Pela primeira vez pensei nas pessoas como irmãos. Culpa, remorso, dor, um turbilhão de emoções confusas me atordoava. Naquele momento, lembrei‐me que nunca estamos sozinhos e se havia algo em que eu realmente acreditava era isso. Chorei profundamente e rezei. O silêncio foi tomando conta de mim. Adormeci. Acordei dias depois, num quarto, mas não era um quarto de hospital, era de uma casa. Fui acordando meio perturbado, sem saber bem o que havia acontecido e onde eu estava. Lentamente fui me lembrando do acidente, do desligamento do corpo físico, das visões, das cobranças, do sofrimento de outros irmãos, da minha inércia... Lembrei‐me da prece que fiz e do auxílio caridoso que recebi. Chorei muito. Invadia‐me uma mistura de arrependimento e gratidão que eu jamais havia sentido. Não sentia mais nenhuma dor física, meu corpo estava bem, apesar de me sentir enfraquecido. No entanto, a dor e a vergonha dentro de mim eram imensas. Não conseguia parar de chorar. Após horas de reflexão, entre choros, preces, pedidos de perdão e desejo sincero de reparação de minhas faltas, entraram no quarto uma mulher e um jovem rapaz. Que bênção foi para mim aqueles olhares carinhosos e aquelas vibrações ternas! Conversamos por muito tempo, falamos abertamente de tudo o que me aconteceu e de quais seriam, agora, as minhas atividades. Enchi‐me de alegria e um imenso sentimento de gratidão invadiu minha alma, revigorando‐me, renovando minhas energias para os trabalhos futuros. Agradecido sinceramente pela dedicação de meus pais em me ensinarem sobre a realidade espiritual e por sentir e conhecer o imenso amor de Deus.
Reflexão: Não basta crer na imortalidade da alma. Inadiável é a iluminação de nós mesmos, a fim de que sejamos claridade sublime. No Mundo Maior – André Luiz
TREINO PARA A MORTE
Preocupado com a sobrevivência além do túmulo, você pergunta, espantado, como deveria ser levado a efeito o treinamento de um homem para as surpresas da morte. A indagação é curiosa e realmente dá que pensar. Creia, contudo, que, por enquanto, não é muito fácil preparar tecnicamente um companheiro à frente da peregrinação infalível. Os turistas que procedem da Ásia ou da Europa habilitam futuros viajantes com eficiência, por lhes não faltarem os termos analógicos necessários. Mas nós, os desencarnados, esbarramos com obstáculos quase intransponíveis. A rigor, a Religião deve orientar as realizações do espírito, assim como a Ciência dirige todos os assuntos pertinentes à vida material. Entretanto, a Religião, até certo ponto, permanece jungida ao superficialismo do sacerdócio, sem tocar a profundez da alma. Importa considerar também que a sua conduta, ao invés de ser encaminhada a grandes teólogos da Terra, hoje domiciliados na Espiritualidade, foi endereçada justamente a mim, pobre noticiarista sem méritos para tratar de semelhante inquirição. Pode acreditar quer não obstante achar‐me aqui de novo, há quase vinte anos de contado, sinto‐me ainda no assombro de um xavante, repentinamente trazido da selva matogrossense para alguma de nossas Universidades, com a obrigação de filiar‐se, de inopino, aos mais elevados estudos e às mais complicadas disciplinas. Em razão disso, não posso reportar‐me senão ao meu próprio ponto de vista, com as deficiências do selvagem surpreendido junto à coroa da Civilização. Preliminarmente, admito deva referir‐me aos nossos antigos hábitos. A cristalização deles, aqui, é uma praga tiranizante. Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caipós, que se devoravam uns aos outros. Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão. Tenho visto muitas almas de origem aparentemente primorosa, dispostas a trocar o próprio Céu pelo uísque aristocrático ou pela nossa cachaça brasileira. Tanto quanto lhe seja possível, evite os abusos do fumo. Infunde pena a angústia dos desencarnados amantes da nicotina. Não se renda à tentação dos narcóticos. Por mais aflitivas lhe pareçam ás crises do estágio no corpo, agüente firme os golpes da luta. As vítimas da cocaína, da morfina e dos barbitúricos demoram‐se largo tempo na cela escura da sede e da inércia. E o sexo? Guarde muito cuidado na preservação do seu equilíbrio emotivo. Temos aqui muita gente boa carregando consigo o inferno rotulado de “amor”. Se você possui algum dinheiro ou detém alguma posse terrestre, não adie doações, caso esteja realmente inclinado a fazê‐las. Grandes homens, que admirávamos no mundo pela habilidade e poder com que concretizavam importantes negócios, aparecem, junto de nós, em muitas ocasiões, à maneira de crianças desesperadas por não mais conseguirem manobrar os talões de cheque. Em família, observe cautela com testamentos. As doenças fulminatórias chegam de assalto, e, se a sua papelada não estiver em ordem, você padecerá muitas humilhações, através de tribunais e cartórios. Sobretudo, não se apegue demasiado aos laços consangüíneos. Ame sua esposa, seus filhos e seus parentes com moderação, na certeza de que, um dia, você estará ausente deles e de que, por isso mesmo, agirão quase sempre em desacordo com a sua vontade, embora lhe respeitem a memória. Não se esqueça de que, no estado presente da educação terrestre, se alguns afeiçoados lhe registrarem a presença extraterrena, depois dos funerais, na certa intimá‐lo‐ão a descer aos infernos, receando‐lhe a volta inoportuna. Se você já possui o tesouro de uma fé religiosa, viva de acordo com os preceitos que abraça. É horrível a responsabilidade moral de quem já conhece o caminho, sem equilibra‐ser dentro dele. Faça o bem que puder, sem a preocupação de satisfazer a todos. Convença‐se de que se você não experimenta simpatia por determinadas criaturas, há muita gente que suporta você com muito esforço. Por essa razão, em qualquer circunstância, conserve o seu nobre sorriso. Trabalhe sempre, trabalhe sem cessar. O serviço é o melhor dissolvente de nossas mágoas. Ajude‐se, através do leal cumprimento de seus deveres. Quanto ao mais, não se canse nem indague em excesso, porque, com mais tempo ou menos tempo, a morte lhe oferecerá o seu cartão de visita, impondo‐lhe ao conhecimento tudo aquilo que, por agora, não lhe posso dizer.
Cartas e Crônicas – Humberto de Campos – pág. 21